PALAVRAS QUE INFORMAM, FORMAM E TRANSFORMAM: O Papel do Porta-Voz na Polícia Militar
Os desafios enfrentados diuturnamente pelo Policial Militar credenciam suas atividades como de elevado risco! Lidar com problemas sociais de toda monta, atender chamados intransferíveis urgentes, preservar vidas, combater o crime e aplicar a lei, mesmo com o sacrifício da própria vida... Tais ações exemplificam o complexo, árduo e difícil cotidiano que esse profissional está inserido, cuja abnegação cotidiana às múltiplas tarefas de seu exercício laboral elevam suas práticas, procedimentos e condutas, quando ostentando o uniforme da PM, à uma verdadeira e inquestionável condição de *MISSÃO*, espécie de sacerdócio imbuído de compromissos e valores ético-morais encontrados, apenas e tão somente, num seleto e singular grupo de serviços públicos essenciais prestados ao cidadão.
A tarefa do jornalista também é difícil e exigente! Noticiar com credibilidade, sensibilizar a audiência e estimular o consumo da informação e a formação da opinião pública, tudo com isenção, imparcialidade e profissionalismo. A superação desses paradigmas é ladeada por uma ensandecida exigência de fomentar os fatos jornalísticos com uma rapidez de natureza emergencial, onde a necessidade da prestação de serviços em nossa contemporânea modernidade líquida, exigem um balanceado equilíbrio de ações com eficácia, eficiência e, sobretudo, bom senso, no árduo processo de capturar dados e fatos de múltiplas e díspares fontes, transformando-os em informação sema interferência de suas subjetividades na formação da opinião pública da sociedade.
Ao apresentar uma descrição sintética desses 2 labores, percebemos que o aparente e intransponível abismo entre essa duas atividades fundamentais para a garantia de um Estado Democrático de Direito - *JORNALISTA* e *POLICIAL MILITAR,* na verdade, representa um histórico preconceito que distancia trabalhos com responsabilidade extremamente similares. Convergindo num ponto comum as linhas profissionais tão díspares que rotulam os papéis sociais entre o repórter e o PM, encontramos o *PORTA-VOZ* integrante da Força Pública responsável por emitir o posicionamento institucional para a Imprensa, representando a quase bicentenária Polícia Militar do Estado de São Paulo (PMESP) num variado e diverso rol de demandas, das mais simples às mais complexas, exigindo múltiplas características que alinham, sincronicamente, a Deontologia Policial sustentada pela Hierarquia, Disciplina, Lealdade e Constância; com as chamadas “soft skills”, habilidades relacionais, sociais e, sobretudo, emocionais, oportunizadas por palavras, posturas e gestos que transmitam credibilidade, legitimidade e flexibilidade.
Palavra repetida sistematicamente com um mantra em qualquer curso de formação, habilitação ou especialização para preparar o futuro Porta-Voz, a *EMPATIA* se constitui na melhor estratégia para rompermos essa lastro perverso e enviesado entre as carreiras do Militar Estadual de Polícia e do Jornalista Profissional. Colocar-se no lugar daquele que pergunta e entender suas necessidades, anseios e expectativas para produzir conteúdo para a população, alinhando rapidez, objetividade e simplicidade, onde o tempo entre o fato e a informação, o chamado “dead line”, é curtíssimo, aproximando-se quase da instantaneidade.
Componente fundamental ao Porta-Voz, a *INFORMAÇÃO* é um elemento indispensável no processo comunicativo. De nada adianta o canal ser adequado e a mensagem inteligível se o conteúdo transmitido se encontra enviesado ou, até mesmo, equivocado, alimentando o crescente fenômeno das “fake news”. A credibilidade não se constrói apenas com técnicas e táticas de comunicação verbal e não verbal. Entretanto, tais estratégias são acessórios que solidificam e ilustram a correta transmissão de um fato, seja por mídias escritas, televisionadas, radiofônicas ou digitais. Complementando seu perfil profissiográfico, o Porta-Voz da PMESP deve buscar, também, o *AUTOCONHECIMENTO*, ensinamento fundamental para entronizarmos a gestão de nossos limites e desenvolvermos nossos potenciais. Ninguém nasce na frente das câmeras! Explorar os recursos e características de maior polimento em sua personalidade e capacidade comunicativa se reveste de um fundamento inquestionavelmente importante!
Profissões exigentes demandam profissionais preparados, focados e, sobretudo, *RESILIENTES*. O Porta-Voz deve romper mazelas, subjetivismo e particularidades individuais para enfrentar o temido processo da comunicação, tanto a intra como, principalmente, a extra corporativa. *INFORMAR* com isenção de ânimos, defendendo a *IMAGEM* da Polícia Militar com dinamismo, objetividade e alinhamento de propósito institucional, assumindo, com propósito e ânimo, um singular desafio: personificar, através da Comunicação Social, esta quase bicentenária Força Pública Bandeirante!
Esperamos que os Policiais Militares, que incorporaram mais esse “fardo em suas fardas”, possam estar à altura daqueles que, por quase 200 anos, ofertaram palavras e ações, suor e tempo, conquistas e derrotas, dedicando integralmente parte de sua vida para edificarem a *IMAGEM* de nossa Instituição, principal bem intangível que justifica e garante nossa existência. Viver o presente, prospectar o futuro mas nunca se esquecer do passado, dos heróis e heroínas que arquitetaram o legado de história e memória que nos trouxe até a contemporaneidade. Como disse Isaac Newton, " _se enxerguei mais longe, é porque me apoiei sob o ombro de gigantes_ ". Que as tradições de ontem, as tecnologias de hoje e a esperança de amanhã possam iluminar a árdua trilha daqueles que informam, formam e transformam a Polícia Militar do Estado de São Paulo!
Autores:
Maj PM Wanderley TUROLLA Alves Cardoso
Maj PM ORIVAL Santana Júnior
Maj PM DEMÉTRIUS Gomes Lopes
Maj PM Eduardo MOSNA XAVIER