APLICAÇÃO DA DOUTRINA DURANTE A RESPOSTA INICIAL À INCIDENTES CRITICOS E A CRONOLOGIA DESTES EVENTOS: a anatomia dos primeiros 60 minutos!

Os Oficiais Superiores e os Delegados 1a. Classe foram brindados com uma palestra do Lt TRAVIS NORTON (policial e acadêmico com experiência no patrulhamento e na SWAT, especificamente na cidade de Ocian Side, com foco em treinamento de campo). Os assuntos transmitidos estão correlacionadalos com as medidas policiais necessárias no gerenciamento imediato em incidentes críticos, ofertando ferramentas para a adequada capacidade de gestão nestas ocorrências extremas:

Toda ação num cenário extremo deve partir de um grupo qualificado para agir. Portanto, o treinamento é essencial para este processo. A decisão, principal propósito na atitude policial em incidentes críticos, é precedida por uma formação mínima que garanta conhecimentos, habilidades e atitudes necessárias, preparando adequadamente o agente de campo, sobretudo, os mais jovens e inexperientes na carreira ou no enfrentamento destes cenários:

Quando lidamos com incidentes críticos, a novidade sempre é esperada. O efeito do imprevisível é mitigado com o uso de check lists e do pensamento crítico, duas entre as principais estratégias para superar as adversidades nas grandes e complexas ocorrências, sobretudo, quando as respostas não estão aparentes. Neste cenário, o gabarito e o arcabouço adquirido no aspecto tático, através de estudos de caso, auxilia na preparação adequada dos gestores.

A incerteza é a principal característica que define uma crise. Os gestores devem se acostumar com esta condição "sine qua nom" neste ambiente. Profissões com características burocráticas dificultam o estabelecimento de um perfil adequado para seu enfrentamento. Para superar tal situação, a clareza e objetividade de dados são preponderantes. O gestor deve estar capacitado para transformar a informação (leitura da realidade) em inteligência (emprego de um contexto nestas informações), evitando disrupturas, as chamadas "fricções",  também conhecidos como ruídos informacionais:

Os atentados móveis são aqueles que resultam na maior complexidade de gerenciamento. Os frequentes episódios com os chamados atiradores ativos, resultam em episódios críticos de elevado risco, potencializando a já exponencial dose de incertezas neste contexto. Exige, além de foco e dedicação, uma elevada dose de liderança, formada não apenas por policiais que tenham, intuitivamente, este perfil profissiográfico mas, também, uma preparação exaustiva, elucidativa e adequada, de forma antecipada e constante.

Além da liderança daqueles que exercem a função de supervisão e chefia, para mitigar tais problemas, é inevitável o estabelecimento de um Sistema de Comando de Incidentes, essencial desde a fase inicial de resposta. Todos os policiais devem ter competência mínima para lidar com tais ocorrências, oniscientes das chamadas "tarefas da missão". As atividades, independentemente de sua relevância ou prioridade, devem ter encarregados e responsáveis, evitando que a situação "corra na sua própria inércia" e resulte num pleno descontrole. Nos Estados Unidos, mais de 50% das crises policiais não tem um comandante claramente definido. O conflito entre autoridades para a assunção do comando do incidente também é um fator que dificulta sua gestão adequada:

Imprevisivilidades, incertezas e conflitos são características de todo e qualquer incidente crítico no mundo já que, direta ou indiretamente, envolvem seres humanos como causadores ou vítimas envolvidas no teatro de operações. Com a elucidativa palestra ministrada, reforça-se a convicção de que a Polícia Militar do Estado de São Paulo possui uma excepcional doutrina de gerenciamento destas ocorrências, focada na liderança dos primeiros interventores, passando pela definição dos perímetros críticos, pelo estabelecimento do posto de comando, determinação do gerente eventual e definitivo e, por fim, pelo emprego das alternativas tática compatíveis. Estamos calcados num sólido alicerce institucional para lidar com as crises policiais! Compete aos Comandantes e Chefes difundirem a técnica e prepararem taticamente sua tropa!

AUTORES

Maj PM Eduardo MOSNA XAVIER (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública e Subcomandante do 14° BPM/M)

Maj PM Ivan GONZAGA de Oliveira (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo CAES / Subcomandante do 1° BPTran)

Maj PM Valdinei ARCANJO da Silva (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo CAES / Subcomandante do 2° BPChq)