CENTRO REGIONAL DE INFORMAÇÕES CRIMINAIS DE LOS ANGELES: enfrentando o crime com inteligência e trabalho policial integrado!

O CSP/23, durante a Jornada Internacional de Polícia Comparada, teve a oportunidade de visitar o Centro Regional de Informações Criminais de Los Angeles (LA CLEAR). Essa agência independente foi criada no final da década de 1980 (1988, especificamente), com o intuito de lidar com o exponencial crescimento do narcotráfico na região, em virtude da migração criminal deste crime de Miami, colocando o condado como um dos principais fornecedores de drogas para todos os Estados Unidos. Portanto, sua criação está relacionada diretamente à repressão ao tráfico de drogas, sendo financiado e gerido pelo gabinete do Presidente dos Estados Unidos desde sua fundação:


Sua missões são desenvolver estratégias de combate às drogas para todas as agências envolvidas, coordenar a distribuição de verbas e treinamento (presencial e/ou on-line) para essas organizações, além de liberar verbas para os programas de educação (similar ao PROERD) e de repressão.  A base do programa é a confiança mútua interagências. Na década de 1990, apenas 5 espaços compartilhavam essa integração, evoluindo para 33 centros na atualidade. O principal foco em Los Angeles reside no monitoramento das fronteiras (terrestre e aquática). Neste condado, são 978 iniciativas em andamento, com 63 centros investigativos e 22 mil policiais integrados, protegendo uma população de quase 17,7 milhões de pessoas em LA. O corpo executivo decisório tem 10 agências federais e 10 agências locais, com votos iguais entre seus membros. Conta, também, com 3 times de repressão para a realização de operações, com 120 membros, cada uma lidando com um tipo de ação (crime organizado, narcotráfico e rodovias). As outras 4 forças-tarefas lidam com assuntos locais, sempre em parceria com entidades federais para suporte e coordenação integrada:

O programa, conforme observado, efetivamente congrega diversas organizações policiais, responsáveis por atividades específicas de polícia em ambito municipal, regional, estadual ou federal. Além de funcionar como uma espécie de Centro Integrado de Comando e Controle, é responsável pelo treinamento geral de seus efetivos em assuntos relativos ao policiamento e em operações conjuntas. Mais de U$$ 26 milhões e 2 mil libras de drogas foram aprendidas em 2022. O efetivo permanece agregado funcionalmente à sua organização de origem, prestando serviços ao LA CLEAR. Os fundos apreendidos durantes as Operações são utilizados para fins policiais, ou seja, no empoderamento da própria força-tarefa responsável pela ação:

A força-tarefa LA IMPACT, agregada ao LA CLEAR, agregaga o combate à drogas nos 88 municípios que compõem a grande Los Angeles. Em 1991, a política de combate ao narcotráfico foi migrada do âmbito federal para o regional, empoderando iniciativas como esta. São vários times, em sua maioria para combater o tráfico de drogas, com destaque para a vigilância e repressão, através do trabalho velado e do suporte de agenciais locais. A investigação de laboratórios clandestinos é prioridade nas ações, sobretudo, naqueles locais irregulares que estudam um aumento potencial de vício do THC (princípio ativo da maconha). A apreensão de objetos, imóveis e dinheiro relacionados, direta e/ou indiretamente, com os entorpecentes, também conta com uma equipe especializada:


O trabalho de inteligência é fundamental, sendo importante produzir serviços nest área para melhorar a eficácia e a eficiência operacional. Em 2022 foram 242 atividades de apoio em casos envolvendo o narcotráfico (ex.: escutas telefônicas), com quase 9 mil ações de análise, com 64 prisões de traficantes de drogas, de armas, de criminosos que praticam roubo e de integrantes de gangues. No ano passado foram realizados 224 treinamentos, com 6.724 de formados e mais de 51 horas de habilitação, tanto em atividades específicas como em processo de educação continuada, esta obrigatória por lei a todo policial norte-americano.

Os policiais locais, regionais e federais realizam o trabalho na mesma área geográfica. Portanto, a coordenação entre xerifes é fundamental para evitar a sobreposição de forças e o retrabalho. Para tanto, todas as operações são plotadas e identificadas com uma espécie de sistema integrado de identificação, cientificando os envolvidos, sobretudo, quando os agentes estão trabalhando com trajes descaracterizados. A postagem das operações também começou em 1991, eliminando a perda de vidas nas operações desde então. Em casos de conflitos de competência, a atuação da força-tarefa é imediata, sugerindo quem será o responsável pela ação e as demais organizações que deverão permanecer apenas no apoio. Normalmente os envolvidos se ajustam e se adequam neste sentido, mitigando divergências no calor das ações. Assim, funciona como um ponto comum para entidades policiais que procuram uma pessoa, um objeto ou um local de investigação que sejam comuns entre aqueles que laboram na atuação. Nada do que foi produzido fica retido na força-tarefa! Os objetos de análise de informação são compartilhados pela chamada "sala de guerra". Tal local também monitora os chamados "informantes ruins", evitando investimentos ruins na formação desta fonte de dados: 


Confiança e parceria: eis a chave do sucesso do LA CLEAR. Outro estudo de caso vitorioso de trabalho integrado contribuindo sensivelmente para o combate ao crime organizado. Em várias oportunidades, palavras como "trabalho em comum", "cooperação" e "superação" foram repetidas exaustivamente durante a visita, enfatizando uma tendência global de troca de informações e operações em parceria entre as diversas forças de segurança. Contra fatos, não há argumentos!

AUTORES
Maj PM Eduardo MOSNA XAVIER (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública e Subcomandante do 14° BPM/M)
Maj PM Ivan GONZAGA de Oliveira (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo CAES / Subcomandante do 1° BPTran)
Maj PM Valdinei ARCANJO da Silva (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo CAES / Subcomandante do 2° BPChq)
Maj PM Luís Fernando MEGDA Nascimento (Doutorando em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública pelo CAES / Chefe da Div Adm do CPI-1)

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